Uma pitada de política

Superior Tribunal Federal
Nos últimos dias um dos assuntos do momento foi o julgamento do STF a respeito do Ficha Limpa. Podemos dizer que, ao lado do Neymar, foi o evento da semana. Ontem deu-se um impasse, já previsível, durante o julgamento, pelos ocupantes dos nossos mais altos cargos do jurídico. Ocorreu um empate, já que no momento está faltando um dos ministros para compor o número oficial, onze. A partir daí, já se considerava a possibilidade de empate, por 5 x 5, que foi o que justamente aconteceu ontem, numa sessão que durou 11 horas (eu sinceramente acreditei que seria adiada quando a luz do dia desaparecesses). O que poderia ser feito, então? Três opções: voto de minerva do presidente do STF, Pelluzo. Aceitar a determinação do TSE. Ou esperar a indicação de um novo ministro, pelo nosso amabilíssimo presidente. Palavras de Pelluzo: "Não tenho vocação para déspota". Achei genial, e calou os opositores às suas ideias por um instante. A opção de um novo ministro seria a mais viável, se deixássemos passar um simples fato. O já citado presidente indica quem ele quiser. Portanto, a real decisão a respeito do julgamento seria dele, ainda que indiretamente. A última escolha seria recorrer à decisão já tomada pelo TSE, que julgou a Ficha Limpa como válida já para essas eleições. Mas isso soaria desmoralizante para a nossa principal casa jurídica, que está acima do TSE. Um paradoxo sem fim, e sem resolução visível. Adiamento inevitável da sessão, com um discurso marcante da elegante ministra Ellen Gracie, pedindo horas extras devido à carga horária do julgamento. Sensacional, mostra o lado humano dos homens das becas de ouro.

O que mais se ouvia por aí, é que este era o julgamento de Joaquim Roriz, candidato (até o momento do julgamento de ontem) à governador do Distrito Federal, de novo. Caros leitores, o julgamento dizia respeito à lei do Ficha Limpa de uma forma geral. A decisão emitida pelo STF, valerá em todo o Brasil, para todos os candidatos que esperam essa decisão. Entretanto, o recurso em questão, foi impetrado pelo odiado - entre as camadas que se consideram intelectuais - ex-governador do DF. Faltando 10 dias para as eleições, a solução encontrada por esse senhor que de bobo só tem o jeito, foi, ao meu ver, fantástica. Apostou na sua mulher, Weslian, e a lançou como candidata estepe, pegando a todos de surpresa, que esperavam sua filha Jacqueline, já iniciada na política, ou seu vice, Jofran Frejat. O importante não é o candidato em si. O importante é o carisma do candidato, e principalmente a transferência de carisma que será feita do Roriz, para a estepe (principal arma petista na campanha à presidência). Quem pode se identificar mais com a pessoa, do que a mulher que há mais de 50 anos vive junta a ele? A filha também poderia ser uma boa, mas como já está no meio político, já tem seus ideais e seus inimigos políticos particulares, o que acabaria tornando uma confusão a política da capital. Já a mulher, que política nunca foi, apesar da experiência adquirida ao lado do marido durante todo esse tempo, tem carisma de sobra para arrecadar votos recentemente perdidos pela confusão, e manter a grande massa ao lado do eterno governador dos menos favorecidos. A emoção estará a flor da pele nesses últimos dias, e estou doido para ver a nova candidata ao governo em ação na campanha, e principalmente em debates - aí sim, perceberão uma grande diferença em relação ao marido, famoso pelo seu modo simples, e consequentemente cômico, de falar (calma, não estou falando do nosso presidente da república). Podem esperar dela um grande foco em questões morais e éticas, pelo seu fortíssimo catolicismo. Também podem esperar, é claro, continuar vendo a imagem de Joaquim nessa reta final de campanha em todo lugar ao lado da candidata.

Esperemos para ver, mas a política está com um tempero especial nessas eleições, justamente pela mobilização popular envolvendo a Lei Ficha Limpa. Um suspiro de cidadania ainda emana da nossa sociedade. Ainda há salvação.
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