A barata diz que tem...

Baratas são bichos que causam pânico em muitas pessoas quando dentro de casa. Em certas épocas, elas resolvem aparecer e a todo instante nos deparamos com uma nas horas mais impróprias. Atualmente, estou tendo um índice de homicídio de pelo menos duas baratas ao dia, não sei se pelo tempo, ou por algum outro motivo obscuro. Encontrei no site Z Megazine uma lista com sete fatos interessantes sobre esses pequeninos seres que nos atormentam, e só servem para termos que limpar a sola das sandálias.

As baratas caseiras não têm nenhum papel na cadeia ecológica: são só pestes, mesmo
Não precisa ter dó de dar aquela chinelada: aqueles monstrengos que vez ou outra aparecem na sua casa para comer restos de comida e disseminar o pânico não têm nenhuma função nobre no equilíbrio da natureza – são só uma praga, e ainda carregam doenças. Mas as que vivem na natureza são importantes, já que contribuem para a reciclagem do material orgânico e servem de alimento para vários predadores.

Barata andando pela casa durante o dia não é bom sinal
As baratas não dormem, mas sabem que é hora de se recolher quando percebem a claridade e só saem quando escurece. Dentro das casas, a hora de ficar quieta no seu canto é enquanto o homem está ativo, oferecendo mais riscos a ela. Então, se você tiver um infeliz encontro diurno com o bicho, fique atento. Baratas em atividade durante o dia indicam que a população está muito alta e não há esconderijos para todas.

Elas têm pelinhos no traseiro que lhes dão informações detalhadas sobre o inimigo
Você que já tentou matá-las sabe: o bicho é rápido e tem um baita reflexo. Isso se deve em boa parte a dois pelinhos que a barata tem no traseiro, chamados cercis. Eles são capazes de perceber movimentos sutis do ar e lhe permitem obter informações sobre possíveis ameaças, como localização, tamanho e velocidade. Além disso, elas enxergam muito bem, mesmo quando não há luz, e seus ouvidos são capazes de detectar até os passos de outra barata.

Elas podem roer os seus lábios enquanto você dorme – e deixam ali microrganismos que causam doenças
Esta é para você nunca mais dormir tranquilamente: as baratas têm o hábito horroroso de roer os lábios das pessoas durante o sono para pegar partículas de alimentos. Isso é ainda pior se considerarmos que os bichos podem carregar a bactéria da peste, da febre tifóide, da cólera, o vírus da poliomielite, de um tipo de herpes e ainda podem transmitir vários tipos de conjuntivite. Escova de dente, para que te quero! 

Elas têm uma capacidade incrível de se multiplicar e os ovos vingam mesmo quando a mãe morre
Sabe aquela gosma branca nojenta que explode quando você esmaga a barata? Aquilo é gordura e contém as reservas de nutrientes que vão alimentar as células do inseto quando faltar comida. Ali também existem algumas dezenas de ovos, que podem vingar mesmo depois que a mãe morre. A capacidade de reprodução das baratas é incrível: em 150 dias de vida, uma única fêmea consegue botar cerca de 320 baratinhas no mundo.

As baratas conseguem viver vários dias sem cabeça (!)
Além de conseguir ficar até um mês sem se alimentar, o inseto ainda é capaz de sobreviver por vários dias sem a cabeça. É que suas principais estruturas vitais ficam espalhadas pelo abdômen e, nesses casos, um gânglio nervoso no tórax passa a coordenar os seus movimentos, permitindo que fujam das ameaças. Como seu corpo tem um revestimento de células sensíveis à luz, ela ainda pode localizar e correr para as sombras. Qual a forma mais eficaz de matá-las, então? Anote: aerossóis e outros produtos na forma líquida são eficientes contra a barata de esgoto (Periplaneta americana); para matar a barata de cozinha (Blattella germanica), as formulações gel são as mais indicadas.

Para fugir delas, só correndo para as calotas polares
Apenas 1% das mais de 4 mil espécies são caseiras. As outras vivem na natureza, e são tão danadas que conseguem viver em quase todos os ambientes naturais, de desertos a florestas tropicais. A sua grande barreira ecológica é o frio intenso, mas nem adianta fugir para a Noruega ou a Finlândia: elas aparecerão em versões minúsculas e vão querer se aquecer no quentinho da sua casa nórdica. A única solução é correr para as calotas polares.

Eu nunca fui muito cruel com as baratas , sempre deixava-as fugir e fingia que não consegui pegar, exceto quando o pânico tomava conta dos que estavam por perto. Mas após ser atacado diretamente por umas duas ou três vezes, inclusive enquanto dormia, passei a ser mais mortal em relação a elas. Agora sabendo ainda que elas não têm papel algum na natureza, serei um verdadeiro serial killer de baratas!

Uma pitada de política

Superior Tribunal Federal
Nos últimos dias um dos assuntos do momento foi o julgamento do STF a respeito do Ficha Limpa. Podemos dizer que, ao lado do Neymar, foi o evento da semana. Ontem deu-se um impasse, já previsível, durante o julgamento, pelos ocupantes dos nossos mais altos cargos do jurídico. Ocorreu um empate, já que no momento está faltando um dos ministros para compor o número oficial, onze. A partir daí, já se considerava a possibilidade de empate, por 5 x 5, que foi o que justamente aconteceu ontem, numa sessão que durou 11 horas (eu sinceramente acreditei que seria adiada quando a luz do dia desaparecesses). O que poderia ser feito, então? Três opções: voto de minerva do presidente do STF, Pelluzo. Aceitar a determinação do TSE. Ou esperar a indicação de um novo ministro, pelo nosso amabilíssimo presidente. Palavras de Pelluzo: "Não tenho vocação para déspota". Achei genial, e calou os opositores às suas ideias por um instante. A opção de um novo ministro seria a mais viável, se deixássemos passar um simples fato. O já citado presidente indica quem ele quiser. Portanto, a real decisão a respeito do julgamento seria dele, ainda que indiretamente. A última escolha seria recorrer à decisão já tomada pelo TSE, que julgou a Ficha Limpa como válida já para essas eleições. Mas isso soaria desmoralizante para a nossa principal casa jurídica, que está acima do TSE. Um paradoxo sem fim, e sem resolução visível. Adiamento inevitável da sessão, com um discurso marcante da elegante ministra Ellen Gracie, pedindo horas extras devido à carga horária do julgamento. Sensacional, mostra o lado humano dos homens das becas de ouro.

O que mais se ouvia por aí, é que este era o julgamento de Joaquim Roriz, candidato (até o momento do julgamento de ontem) à governador do Distrito Federal, de novo. Caros leitores, o julgamento dizia respeito à lei do Ficha Limpa de uma forma geral. A decisão emitida pelo STF, valerá em todo o Brasil, para todos os candidatos que esperam essa decisão. Entretanto, o recurso em questão, foi impetrado pelo odiado - entre as camadas que se consideram intelectuais - ex-governador do DF. Faltando 10 dias para as eleições, a solução encontrada por esse senhor que de bobo só tem o jeito, foi, ao meu ver, fantástica. Apostou na sua mulher, Weslian, e a lançou como candidata estepe, pegando a todos de surpresa, que esperavam sua filha Jacqueline, já iniciada na política, ou seu vice, Jofran Frejat. O importante não é o candidato em si. O importante é o carisma do candidato, e principalmente a transferência de carisma que será feita do Roriz, para a estepe (principal arma petista na campanha à presidência). Quem pode se identificar mais com a pessoa, do que a mulher que há mais de 50 anos vive junta a ele? A filha também poderia ser uma boa, mas como já está no meio político, já tem seus ideais e seus inimigos políticos particulares, o que acabaria tornando uma confusão a política da capital. Já a mulher, que política nunca foi, apesar da experiência adquirida ao lado do marido durante todo esse tempo, tem carisma de sobra para arrecadar votos recentemente perdidos pela confusão, e manter a grande massa ao lado do eterno governador dos menos favorecidos. A emoção estará a flor da pele nesses últimos dias, e estou doido para ver a nova candidata ao governo em ação na campanha, e principalmente em debates - aí sim, perceberão uma grande diferença em relação ao marido, famoso pelo seu modo simples, e consequentemente cômico, de falar (calma, não estou falando do nosso presidente da república). Podem esperar dela um grande foco em questões morais e éticas, pelo seu fortíssimo catolicismo. Também podem esperar, é claro, continuar vendo a imagem de Joaquim nessa reta final de campanha em todo lugar ao lado da candidata.

Esperemos para ver, mas a política está com um tempero especial nessas eleições, justamente pela mobilização popular envolvendo a Lei Ficha Limpa. Um suspiro de cidadania ainda emana da nossa sociedade. Ainda há salvação.

A longa viagem inexistente

-Oh, como assim, você está postando aqui?
-Oras, estou de volta de uma longa viagem, e estou pronto para volta à vida de blogueiro!
-Viagem!? Você viajou pra onde?
-Não foi uma viagem física, foi na verdade uma viagem intelectual.
-Desculpe, mas ainda não entendi, meu caro.
-Normal, isso costuma ser incompreensível mesmo para a maioria das pessoas. É como se você estivesse ausente de alma, mas não de corpo. É como um intenso estado de devaneio, onde você está naquele momento de transição, no casulo.
-Prossiga, meu amigo. Começo a ver a situação.

E assim prosseguiu uma conversa extremamente profunda, e inteligível para todos, senão aqueles dois agentes do discurso. Agentes que faziam parte da mesma mente, constituindo na verdade um monólogo.

Não sabia como voltar ao blog após quatro meses parado, e escrevi a coisa mais estranha que me veio à cabeça. Me desculpem a ausência, pretendo retomar, apesar de já não ter mais leitores fiéis, a ideia que o blog sempre teve. Conteúdo de qualidade, e a partir de agora, contando com ideias mirabolantes deste que vos escreve, como o diálogo, ou melhor, monólogo, acima apresentado. Ainda que não faça sentido algum, imagino que seja profundo. É bom escrever de volta.