A história da Páscoa

A forma como a Páscoa é celebrada atualmente é muito diferente dos rituais mais antigos e tradicionais, cercados de significados religiosos. Tanto para o Cristianismo quanto para o Judaísmo, a Páscoa é o momento em que os devotos oferecem sacrifícios ou relembram o sofrimento que os conectam a Deus. Vamos ver como esta data foi vista e celebrada ao longo do tempo.

O primeiro registro histórico desse ritual aparece no Velho Testamento, na parte em que se descreve o Pessach. Segundo a Bíblia, no dia 14 de mês de nisã do calendário hebraico (março ou abril no calendário gregoriano), os judeus deviam oferecer um cordeiro em sacrifício a seu deus, Yahweh, para celebrar a libertação do povo de Israel do Egito. Os cordeiros sacrificados eram servidos a noite em uma refeição chamada séder.

No início do século 1 d.C., um novo sacrifício realizado durante o Pessach entrou para a história. Ao invés de um cordeiro, um homem foi imolado: Jesus Cristo, que, segundo seus seguidores morreu crucificado para salvar a humanidade. A partir de então, os cristãos passaram a celebrar a Páscoa para relembrar a sua morte e ressurreição.


Há quem acredite que a última ceia de Cristo foi na verdade um séder de Pessach, pois segundo o evangelho de Lucas, Marcos e Mateus, Jesus teria sido crucificado no dia 15 de nisã, e feito a sua última ceia na véspera, dia 14 de nisã.

Até hoje os judeus ainda comemoram o Pessach, já que não acreditam que Cristo era o salvador dos homens, e sim um profeta, e ainda mantém em suas tradições o séder de Pessach. Confira mais um pouco da forma em que é servida essa refeição, ainda hoje, nas famílias judaicas:


Kearat haPessach é a bandeja, prato especial, com lugares designados para os alimentos simbólicos de Pessach, que a compõem: charosset, maror, zroa, beitza, karpas, chazeret, cada qual com seu significado e ligação a Pessach. Ke- arat haPessach tornou-se, com o passar dos anos, um objeto onde a arte judaica se pode manifestar, expressando o encontro entre os motivos judaicos típicos da festa com a expressão artística do artesão/ artista, que usou materiais e instrumentos que se achavam à sua volta.

1. zroa, osso, é o símbolo do sacrifício pascal, que ocorria na época do Beit Hamikdash. Utiliza-se um osso de frango, queimado na brasa, ave que nunca foi ofertada como sacrifício.

2. beitza, ovo, representa a oferenda da festa, mas também é símbolo de luto. É colocado cozido, inteiro, com a casca. Antes de ser servido na refeição, é descascado e saboreado, após mergulhado em água salgada.

3. e 6. maror e chazeret, raiz forte e erva amarga. São ingeridas, em lembrança aos tempos amargos sofridos por bnei Israel, enquanto escravos. Coloca-se alface romana e raiz forte.

4. charosset, um purê de maçãs raladas, tâmaras e/ou passas, misturado com nozes, canela e/ou gengibre, com um pouco de vinho, que se assemelha à argamassa na qual trabalhavam nossos antepassados.

5. karpas, salsão (podendo ser substituído por cebola, rabanete ou batata cozida). É mergulhado em água salgada antes de ser saboreado, para simbolizar as lágrimas derramadas na época da
escravidão.

Fontes:
Revista História Viva
The Book of Jewish Food (Claudia Roden)

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